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Teoria U Coaching, aprendizagem e níveis de escuta

Coaching é um processo de aprendizagem. Segundo Julio Olalla, fundador da escola de Coaching Ontológico Newfield Network, a busca pelo Coaching é “ato desesperado” em busca do aprendizado de novos caminhos. A Teoria U traz uma rota para esse aprendizado, convidando à ação a partir do futuro emergente, ou seja, a partir do novo que está latente no sistema onde o Coachee atua, num modelo de aprendizagem fundamentado no saber interior e não mais nas experiências passadas. O método apresenta-se especialmente eficaz em questões complexas nas quais, muitas vezes, experiências anteriores não dão conta das soluções, sendo, elas próprias, a origem do problema (padrões, atitudes e comportamentos passados).
O fato é que lidamos com mudanças em todos os âmbitos da vida e cada um tem uma forma de resposta, que pode ser classificada em quatro níveis:
1 – Reação imediata – Trata-se de uma resposta rápida e reativa, a partir dos pressupostos de cada um. No entanto, se a questão que origina a reação torna-se recorrente, cabe indagar sobre o que está criando e recriando o problema na tentativa de se avançar para um outro nível de resposta.
2 – Reengenharia – Neste nível, há a revisão do processo que gerou o problema, e uma ação estrutural, mas estudos revelam que mais de 70% desses processos fracassam. A razão, na maioria das vezes, está na falta de autoconhecimento das pessoas que continuam criando e recriando as questões anteriores à mudança, a partir dos modelos mentais que conservam intactos.
3 – Pensar – Aqui, já há uma proposta de revisão de modelos mentais, crenças, valores e pressupostos, para proceder às mudanças necessárias. A ação acontece de forma sistêmica, mas ao fim de workshops e trabalhos em que o pensar é privilegiado, tem sido observado que, depois de algum tempo, os velhos padrões são retomados. Este nível de resposta, apresentado por Peter Senge em 1999, por si só, já se constitui num grande desafio, mas o insucesso de muitos projetos conduziu ao estudo de um novo estágio de resposta.
4 – Fonte (inspiração ou propósito) – Chega-se, então, ao estágio criador onde é possível acessar não só o que se pensa ou a capacidade de adpatar-se a novas situações, mas também a intenção mais profunda, que reside na resposta a questões amplas como “quem você é de fato”.
O grande intento da Teoria U é entender melhor como se processa esse quarto nível, já que dos três anteriores já se tem bastante conhecimento e prática. O sucesso de nossas ações depende de nossa condição interior, que resulta diretamente da qualidade de atenção que permeia nossas relações e da consciência do presente. Depende, diretamente, da habilidade de ouvir, que é o que facilita o acesso à fonte interior. Em cada um dos níveis de resposta citados acima, há um nível de escuta correspondente.
No processo de coaching, a capacidade de escuta do coach profissional impacta no resultado que seu cliente alcançará. Mas não é só. Inseri-lo no processo, oportunizando que ele também amplie sua escuta para perceber melhor a realidade que o cerca, torna a jornada que empreende ao lado do coach um legado para a vida, com resultados sustentáveis e escaláveis.
Níveis de escuta:
1 – Download – Primeiro e mais comum nível de escuta, quando se deseja apenas confirmar o que se pensa, exercendo julgamento de valor e fechando-se ao que não é uma projeção das próprias ideias.
2 – Factual listening – Abre-se à revisão das próprias crenças, aceitando a possibilidade de conhecimento do novo. Exercita-se, nesse estágio o pensar e a capacidade racional.
3 – Empatia – Onde pode-se perceber questões através dos olhos de outra pessoa, com o coração aberto, exercitando-se a capacidade emocional e ampliando-se a percepção da realidade.
4 – Escuta criadora (geradora) – É onde acontece a conexão com o futuro emergente, a partir da percepção do propósito que cada um tem. Cria-se um espaço com uma qualidade de atenção tão profunda que cada um é capaz unir-se ao todo e mover-se em direção à ação coletiva, abrindo caminho para a inovação.

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